
Entenda que porra é essa de Watchmen, que todo mundo está falando....
Antes de estrear nas telonas, Watchmen fez muito barulho. Muita gente comentou pro bem ou pro mal, contou-se dias para sentar o bumbum na cadeira do cinema. Mas enquanto isso acontecia, percebi também que muita gente se questionava: “mas afinal, o que é esse Watchmen que tanto falam?” ou “tá Watchmen é um gibi, mas do que se trata?”.
Assumiu-se por aí que toda criatura sabia o que era Watchmen e as explicações foram escassas. Mas não se preocupem, a tia Jenny vai explicar bonitinho pra todo mundo o que vem a ser Watchmen.
Alan Moore

Allan Moore, criador de Watchmen.
Alan é o pai da criança, junto com Dave Gibbons, o desenhista.
Típico gênio excêntrico, Alan é avesso à hypes e é público e notório que detesta essa história de ficarem adaptando as obras dele para cinema. Mesmo assim já teve V de Vingança, Do Inferno, A Liga Extraordinária e agora Watchmen trazidos para as telonas.
Apesar de Constantine ser baseado nas histórias de John Constantine (Hellblazer), criação de Alan Moore, o roteiro é claramente inspirado em “Hábitos Perigosos”, de Garth Ennis.
Alan é inglês, tem 55 anos, duas filhas, uma ex-mulher, uma ex-namorada (dele e da mulher) e uma esposa atual com quem fez o excelente “Lost Girls” entre outros trabalhos. Vive uma vida reclusa e é adepto do ocultismo.
Para entender Watchmen, é preciso entender o Moore.
Charlton Comics
No início dos anos 80, a DC Comics havia comprado os direitos de vários personagens da falida Charlton Comics e Moore preparou um esboço de roteiro para a Editora aproveitando esses mesmos personagens.
O roteiro era diferente de tudo que já haviam experimentado, além de ser um caminho sem volta para esses personagens, seria impossível introduzi-los novamente na cronologia vigente na época.
Então Alan se viu compelido a utilizar os conceitos dos personagens da Charlton, mas com nomes e nuances diferentes. O título original do esboço, “Who Killed the Peacemaker” virou Watchmen.
Então, foi assim que o Comediante nasceu a partir do Pacificador, o Coruja veio do Besouro Azul, Silk Spectre é uma mistura de Nightshade e Canário Negro (que não era da Charlton, mas tinha o conceito de legado heróico passado de mãe para filha), Ozymandias partiu do Thunderbolt, Dr. Manhattan emergiu de um Capitão Átomo e Rorschach era o espelho do Questão.
Preparei as imagens mostrando o “Antes e Depois” de Watchmen. Como eram os personagens da Charlton e como Moore e Gibbons os conceberam depois (utilizei as imagens do filme que são bem próximas sim dos quadrinhos)

Ted Kord, o Besouro Azul, virou o Coruja.

Thunderbolt deu origem ao Ozymandias.

O Pacificador e seu cabeção se transformaram no Comediante.

Nightshade, que com uma pitada de Canário Negro, virou a Silk Spectre.

O Questão e seu derivado, Rorschach.

Capitão Átomo transformado em Dr. Manhattan.
Quis custodiet ipsos custodes

Quem vigiará os vigilantes?
Quem vigia os vigilantes ou Who watches the watchmen? A frase em latim, retirada da sátira de Juvenal (poeta romano do Século I) é a premissa principal da história.
E se esses heróis mascarados existissem mesmo? Moore inseriu o contexto do herói na nossa sociedade, com desdobramentos políticos e sociais de suas ações. Tudo tem seu ponto de partida no assassinato do Comediante, herói das antigas que esteve trabalhando para o governo.
A partir desse assassinato conhecemos a América de Moore, que saiu vencedora da Guerra do Vietnã e tem Nixon ainda presidente devido a essa vitória.
Heróis são uma constante desde os anos 40, e foram sendo substituídos por novos à medida que iam envelhecendo, até a promulgação da Lei Keene, que prevê o registro perante as autoridades de todo e qualquer vigilante mascarado (Alôuuu, Marvel e sua Guerra Civil sem vergonha?).
Alguns se aposentaram, outros passaram a agir na clandestinidade e outros aproveitaram pra faturar um troco em cima da própria imagem.
Após a morte de Edward Blake, o Comediante, seu antigo parceiro no grupo Crimebusters, Rorschach (um dos que agem na clandestinidade) começa uma investigação que o vai levando por caminhos inesperados onde vai se desenhando sua história, e de seus antigos colegas de combate ao crime.
Diferente dos ingênuos gibis de antigamente, a realidade desses mascarados é feia e suja. Watchmen faz questionamentos morais sérios, afinal, são heróis, mas antes de o serem são seres humanos falíveis.
Para meu entendimento (você pode ter encarado de outra forma) Moore resume essa amoralidade do pretenso herói em todas as cenas do Comediante, uma em especial, com a participação da primeira Silk Spectre (mãe da jovem Silk que acompanhamos na história).
Não vou falar mais nada para não estragar possíveis surpresas. E o Comediante é cheio delas! A-DO-RO! Sempre foi meu personagem favorito!
Eu recomendo a quem ficou com curiosidade que vá ler Watchmen. Sabemos que adaptação cinematográficas, por melhores que sejam, nunca são a mesma coisa.
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